Ou o Cerrado é chique.
Outro dia fui a Belo Horizonte para acompanhar o desenvolvimento do jardim que estou fazendo na Casa no Cerrado, do Carlos Teixeira (arquiteto do escritório Vazio S.A.). Ao chegar na cidade, fui para a casa da Camila, grande amiga desde a infância, para, no dia seguinte, irmos juntas até a casa do Carlos.
A casa do Carlos é espetacular. “Uma casa que parece pequena e grande ao mesmo tempo,” resumiu a Camila. É uma caixinha de concreto e madeira pousada sobre um morro de Cerrado nativo em meio a um santuário de conservação do bioma, na Serra da Moeda. Tem piscina na cobertura e telescópio na sala.
Como, justo este ano, o Carlos está fazendo um doutorado fora do País, ele sempre me oferece a Casa para eu passar o fim de semana após minhas visitas formais ao jardim. Eu, é claro, desfruto de sua hospitalidade à distância e, via de regra, levo a Camila a tiracolo para a gente aproveitar.
Pois nesse dia, antes de viajarmos até a Moeda, a mãe da Camila nos ofereceu um pote cheio de empadas de frango e queijo para o fim de semana. Eu recebi o pote, animada, enquanto a Camila e o namorado desprezaram seu conteúdo. “Não gostamos de empada,” disseram.
Três dias passamos na Moeda, três dias eu comia empadas – que não acabavam nunca – e as oferecia aos dois, que teimavam em recusar. “Como pode não gostar de empada?”, eu pensava.
No último dia, tardamos muito em preparar o almoço e, enquanto o macarrão fervia na panela, esquentei as últimas empadas na frigideira. Estávamos os três com muita fome. “Come, gente”, eu mostrava as empadas. Eles recusavam, mas, desta vez, um pouco mais reticentes. “É mini-quiche”, completei. A Camila se aproximou da frigideira. “É quiche, Camila, come”, insisti. Ela experimentou. Hum, até que estava gostoso.
O namorado também se aproximou. Ué... não é que estava bom? E comeram diversas quiches – ou empadas – até o estoque se acabar.
Diante de seu novo apetite, conclui:
“O que eu estou fazendo com o Cerrado é isto: falando que empada é quiche para o povo gostar.”
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